Foi cumprido o desígnio.
Foi aprender, foi conhecer, foram perplexidades e inquietações, foram medos e esperanças, foram alegrias e sorrisos, lágrimas ao canto do olho, foram sustos, confortos e abraços, foi arte e filosofia, foi política, foi luta, foi militância.
Foi ciência e foram ternuras.
Foram experiências.
De Eco, a ninfa, cúmplice de Zeus na traição a Hera ecoam as manifestações de Vida. Da Nara, Nara como a outra que era Leão, confidenciou-me ela, ecoaram as palavras de luta. Porque, e cito Nara, feminismo não é uma ideia, nem um pensamento, nem uma filosofia. Porque, ensinou-nos Nara, Feminismo é um movimento político, é militância, é luta!
Também aprendemos com o Nuno que as cidades surgem para proteger, rodeadas de muralhas e ameias, mas que hoje as muralhas devem tombar para que Roma, “città aperta”, deixe de ser metáfora, para que os campos entrem por ela, pela liberdade, para que 29 de Maio de 1453 não mais se repita em nenhuma Constantinopla deste mundo, para que todos sejamos e sejam vistos, que todos usufruam, esses todos que são também os libertados das portas das prisões que o Pedro das Neves nos abriu, esses todos que são a nossa mátria universal, esses todos que o Pedro Matos nos trouxe do Darfur e que o Bruno nos trouxe do mundo cheio de carinho e amor, Bruno, alma, paradigma do Tramagal universal com as suas ternas palavras. Esses todos, centro da militância da heróica Alcina.
A Alexandra trouxe-nos um factor de unidade global chamado pão, o pão que nos reune nesta nave espacial Terra. Que nos identifica e a que todos nos convoca. O Zé Eduardo Martins tricotou futuros num Planeta em que ainda poderemos acreditar.
Com o David “hacker” bondoso foram medos calculados, ponderados, expurgados.
A Tiziana, guardiã da vida e dos futuros trouxe-nos as sementes da esperança.
Foi um final apoteótico com promessas de continuidade, em que o Pierre da Rua das Pretas nos segredou sementes e raízes, nos segredou, como já antes Archie Shepp tinha segredado, que a libertação das estéticas é o prelúdio da libertação da humanidade.
Foi bonita a festa, Pá!
*Esqueci-me de referir uma coisa que me sensibilizou.
A música dos intervalos.
Não sei quem escolheu.
Nos anos 60 era invariavelmente a música dos intervalos nos cinemas.
Nostálgico!
Texto de Luís Vicente, orador na edição 2022 do TEDxLisboa
Fotografia: Luís Fráguas